terça-feira, 28 de maio de 2013

A Gestação I - Janeiro de 2013


Durante o mês de janeiro, eu -a coordenadora- e a professora Maria Cristina nos reunimos para produzir um projeto de construção das salas ambiente, em conjunto também foi elaborado um projeto de segurança para a escola, com o intuito de resguardar os novos bens adquiridos com o REM.  Esse projeto, entretanto, passou por reformulações posteriores, analisado e emendado em reunião específica para o PPP da escola( veja nas próximas postagens)

Realizado o projeto e entregue a Direção, me entreguei ao planejamento da reunião de planejamento do início do ano. Apresentei uma metodologia - que criei durante o mês de janeiro- para viabilizar o trabalho em equipe com todo 1º ano, tendo em vista os conteúdos interdisciplinares do noturno e a colaboração entre os professores do CBC e REM. (visualize a apresentação aqui e o manual aqui). A recepção não foi muito boa, não consegui convencer os professores da necessidade do planejamento em equipe, circulou pela sala comentários do tipo "eu sempre fiz assim e deu certo, não vou mudar agora" e, por fim, apenas os professores do REM se reuniram, duas semanas depois,  para realizar um planejamento anual com base nas ementas disponibilizadas na CRV (centro de referência virtual). Mais detalhes dessa reunião aqui.

O ano letivo seria iniciado assim:  a escola andava as voltas com a solução para o transporte escolar, os professores de maneira geral estavam preocupados com a nova organização do trabalho (tinha finalmente saído a resolução que alterava o número de 18 aulas para 16). Os professores ainda não havia organizado material algum sobre suas empregabilidades, pois ainda não havia sido disponibilizados os conteúdos do CRV. Para piorar, como nem todas as empregabilidades tinham ainda professores, tive que me desmembrar em aplicar as atividades da primeira semana e planejar o Seminário de  Percurso Curricular. 

Eu estava em apuros!

Observando agora, de longo, avalio três problemas interligados na forma como conduzi o REM: 

1. A minha falta de critério para identificar a prioridade, ou trocando em miúdos, passei o carro na frente dos bois.  A montagem das salas ambientes é uma das prioridades do REM, mas não a primeira delas. Naquele momento eu deveria ter me dedicado ao Seminário de Percurso Curricular. Se assim eu tivesse feito, não teria passado pelo segundo problema, que foi

2. A minha ineficiência em criar um senso de equipe, pois poderia ter colocado o Seminário de Percurso Curricular  como uma atividade de toda a escola, envolvendo assim todos em um projeto coletivo e dinâmico, induzindo o sentimento de equipe a surgir desse trabalho coletivo. Se assim eu tivesse feito, não teria passado pelo 3º problema, que foi 

3. A falta de tempo para as demandas, pois todo o Seminário Curricular ficou centralizado em mim, impedido dessa forma que os professores participassem e, de quebra, afastando-os ainda mais. 

Realmente, eu percebi tanto no curso de capacitação quanto nas orientações, uma sobrevalorização do Seminário de Percurso Curricular, porém o verdadeiro sentido dele não havia ficado claro para mim. Para mim, ele não passava de uma apresentação formal das mudanças que ocorreriam na escola para a comunidade escolar. Mas ele é muito mais do que isso: Ele é o centro gravitacional do projeto.

Através dele, o coordenador permite o encontro dos alunos, docentes, funcionários, pais e sociedade para ouvir e discutir a educação dos seus jovens. 

Acredito que minha inépcia tenha origem na minha formação profissional. Sou professora licenciada em Letras e não em Pedagogia, minha experiência como professora me condicionou a uma visão fragmentada da escola, causada por seu próprio trabalho fragmentado (Marx, como sempre, estava certo!). O professor enxerga a escola do ponto de vista das inúmeras "salas de aula"  com vários objetivos, com várias metodologias, como várias obrigações diferentes, e não do ponto de vista institucional como uma única equipe organizada em função de um objetivo.


Descobri que muitas tensões entre professores e especialistas se devem a essa diferença de ponto de vista não é de opinião - do que cada um acha ou gosta, mas do modo como veem a mesma realidade. Ao falar do seminário de percurso curricular, talvez um pedagogo consiga  interpretá-lo como um instrumento socializador, um instrumento de coordenação da comunidade escolar, mas para do ponto de vista do professor parecia apenas um encontro. 

Mas como nem todo leite foi ainda derramado, tentarei agora no final do segundo bimestre uma manobra para tentar resolver essa "falha". 

Um comentário:

  1. Olá! Parabéns pelo seu trabalho e por suas reflexões, que são muito mais sensatas do que as de muitos pedagogos por formação. Estou na peleja para organizar meu Seminário de Percurso, e esta leitura foi de grande valia. Vou acompanhar seu blog! Como é muito interessante para mim, senti falta dos links que você disponibilizaria (ou foram retirados?) Abraços e obrigada pela contribuição!

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