O terceiro
bimestre começou com uma avaliação preocupante: o Reinventando não havia
motivado suficientemente os professores do CBC e CBCe e , consequentemente, não
havia atingido satisfatoriamente os alunos, de modo geral. A avaliação por
parte da coordenação também não estava nada boa, os professores – como os
alunos já haviam observado bem - das áreas de empregabilidade já haviam encontrado
uma “zona de conforto” seguindo apostilas de planejamento estratégico, de curso
de informática, por exemplo. Em reunião com os líderes, os alunos registram a
falta de motivação de alguns professores e as dificuldades com as disciplinas
que estavam se tornando “teóricas” demais.
Por outro lado, os professores se queixavam, principalmente, da falta de
autonomia dos alunos, que não traziam as atividades em dia e não mostravam
dedicação dos trabalhos, como pode ser observado pelo rendimento mediano das
turmas. Esse quadro ficou bem esboçado
na apresentação dos alunos no Dia D – Toda a comunidade faz a diferença, onde
as professoras de Recursos Naturais fizeram com os alunos uma “feira” com os
temas estudados durante o primeiro e segundo bimestre, Gestão e Empreendedorismo
apresentou um banner com fotos e portfólios de alunos e Tecnologia de
Informação, slides com fotos de aulas no laboratório.
Diante desse
retrato, a solução foi intervir diretamente no planejamento das aulas,
apresentando aos professores um projeto de caráter prático que envolvia a já
tradicional feira de conhecimento. A ideia original da feira apresenta pelo
diretor era estender o trabalho da feira de conhecimento em duas etapas: uma
apresentação e palestras para os alunos da escola, além da exposição
propriamente dita a comunidade. Associando esse projeto ao REM, foi passado aos
alunos do primeiro ano que associassem o tema do trabalho a área de
empregabilidade que cursavam e aos professores, foi orientado que
transformassem o projeto dos alunos no conteúdo das aulas de empregabilidade,
de maneira que todo o conteúdo teórico dado no primeiro e segundo bimestre
fosse agora aplicado em simulações de situações e problemas reais.
A intervenção,
embora não tenha sido bem vista no início tanto por professores quanto por
alunos, apresentou resultados satisfatórios, pois deu novo fôlego às aulas de
empregabilidade e motivou os alunos que responderam com mais entusiasmo e
dedicação ao projeto. O curso de capacitação para os professores também
contribui muito para injetar novo ânimo aos professores, que viram reforçadas
pela Secretaria as demandas já colocadas pela coordenação sobre planejamento e
gestão de aulas.
Assim, a
conclusão que se chega é que as mudanças provocadas pelos projeto são muito
maiores do que realmente pensamos ser e exigem uma intervenção mais concreta e
precisa na “realidade escolar”, pois o projeto atinge direta e imediatamente na
passividade existente no ambiente escolar, tanto em professores, quanto em
alunos, mas também presente na equipe pedagógica e administrativa, engessada
pelo laisse faire dos problemas
cotidianos e roteiros prontos para resolvê-los. As experiências do primeiro e
segundo bimestres deixam claro que a desmotivação é conveniente tanto aos
professores quanto aos alunos, na medida em que funciona como justificativa
para o fracasso. Porém, revelam também que a desmotivação é um ciclo vicioso
causado pela falta de meios diversificados para enfrentar a imaturidade e
dependência típicas da faixa etária dos alunos dos primeiro ano.
Nesse sentido,
é preciso uma intervenção externa, é necessária uma ação ampla e universal que
atinja simultaneamente professores e alunos, que tire ambos –ao mesmo tempo –
de sua zona de conforto e exija uma resposta rápida e bem feita. Se assim é, a função da coordenação não pode
ser confundida com as funções da supervisão e vice direção. Pois enquanto a
supervisão e vice direção atua diretamente sobre o trabalho do professor e do aluno, na análise e orientação da ação
dos professores ou do alunos em relação aos objetivos específicos da escola, a
coordenação atua sobre o ambiente escolar,
na produção e resultados alcançados coletivamente através do trabalho
coordenado de toda a equipe.
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